‘Sou fruto de programas como a OBMEP’, conta Givanildo Lima

 

Medalhista recebeu o Prêmio Beatriz Neves, da SBMAC


Entre a escola e os estágios desde os 14 anos, Givanildo Lima está escrevendo uma história de superação e conquistas com a matemática. Na capital de Alagoas, Maceió, o medalhista da OBMEP foi o primeiro da família a concluir uma graduação. E vem acumulando conquistas, como o Prêmio Beatriz Neves, criado pela SBMAC (Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional) para incentivar a participação de estudantes de graduação em atividades de Iniciação Científica.

A premiação da SBMAC foi para o trabalho de conclusão de curso em engenharia da computação, na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em 2022. Givanildo abordou a distribuição de probabilidade usando técnicas de análise combinatória. 

“Quando o meu professor viu as minhas medalhas na olimpíada sugeriu que eu pudesse me interessar pela área de pesquisa porque justamente tem uma matemática muito densa, mais pesada, e, eventualmente, os estudantes que ingressam na computação querem seguir mais para uma área de desenvolvimento e podem não curtir tanto. Já eu poderia me interessar.”

Hoje, mestrando na UFAL, Givanildo se dedica ao processamento de imagens, orientado pela robótica, no Orion – Laboratório de Ciência de Dados aplicada a Cidades Inteligentes.

O início da trajetória no ensino superior, ainda na graduação, passou pelo Programa de Iniciação Científica e Mestrado (PICME). A bolsa foi importante para que Givanildo pudesse concluir a faculdade e rendeu também a possibilidade de migrar para uma bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) com mais facilidade posteriormente. 

“Ter acesso ao PICME assim que eu ingressei na faculdade foi fundamental, porque eu já tinha um histórico de ter uma receita própria desde os 14 anos quando eu me tornei monitor de matemática no Instituto Federal. Então, eu já tinha a autonomia de ter aquele dinheirinho que era meu, conseguia pagar minhas contas. Foi maravilhoso o acesso ao PICME quando iniciei a graduação”. 

Esse despertar para as atividades acadêmicas veio como uma herança das olimpíadas. O estudante acumulou nove medalhas, como as pratas na IMK (Competição Internacional de Matemática Canguru) e na OBMEP em 2015.




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O jovem começou a participar da OBMEP apenas no 2º ano do Ensino Médio no Instituto Federal de Alagoas (IFAL), onde também cursava eletrotécnica. A participação bem-sucedida na olimpíada levou a uma menção honrosa em 2014, e à tão esperada medalha em 2015. 

Givanildo foi convidado a participar da Cerimônia Nacioanal de Premiaçoa da OBMEP e viajou até o Rio de Janeiro para participar da solenidade. Essa foi sua primeira viagem para fora do estado, assim como a primeira viagem de avião. 

“Foi uma experiência incrível, foi minha primeira viagem de avião, primeira viagem para fora do estado.  Por isso que eu repito que a matemática me proporcionou muita coisa. Foi muito marcante e leva a gente a acreditar que podemos fazer coisas cada vez maiores”, contou. 

A Cerimônia Nacional de Premiação da OBMEP foi um evento decisivo também para a família de Givanildo. O mestrando entende que foi através dessa experiência que a sua família compreendeu um pouco mais da rotina de estudo e das possibilidades que poderiam existir pela matemática. 

“A Cerimônia foi uma surpresa para todos. Eu vim de uma família bem humilde, então o entendimento do que as olimpíadas, essas oportunidades poderiam proporcionar era algo que não estava muito claro. A minha família me via estudando, esticando horário, indo até a madrugada e eles não entendiam exatamente a motivação. Eu falava da Olimpíada, mas era algo que eles não conseguiam alcançar. Acho que quando aconteceu a premiação, a viagem, eles conseguiram, de fato, tangibilizar o tamanho daquilo, daquela conquista.”

A medalha foi uma conquista que também auxiliou na confiança e autonomia para as futuras decisões acadêmicas e profissionais do jovem. “Foi bom até para a questão da confiança, porque quando a gente faz olimpíada a gente acaba tomando eventualmente alguns caminhos que não são tão acessíveis, tão claros ali para a família. Com a medalha, todos passaram a confiar mais: escolha do curso, escolhas profissionais, estava em um caminho que seria bom para mim.”

Agora, já no mercado de trabalho, Givanildo confirma a importância das olimpíadas para sua carreira. Ele conta que, a cada processo seletivo que participa, percebe a influência das medalhas olímpicas e como, atualmente, essas conquistas continuam abrindo possibilidades. “Quando veem o meu currículo, todos comentam sobre. Acho que a visão do mercado sobre essas conquistas é um olhar muito atento, percebem em nós a capacidade de resolver problemas, de conseguir pensar a estruturar soluções. Acho que eu fui fruto em muitos momentos da minha vida de programas, como a OBMEP, que me possibilitaram acessar espaços que eu não conseguiria por outras vias.”