A música hit do verão “Descer para BC” fala de um grupo de amigos que saiu da zona rural para curtir o Balneário Camboriú (BC), cidade de Santa Catarina famosa pelo litoral badalado. Pode-se dizer que Adriana Kaminsky fez o caminho inverso. A jovem de 19 anos nascida em Itapema, município vizinho a BC, subiu para o Rio de Janeiro para viver o sonho de estudar no IMPA Tech.
Medalhista da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), Adriana faz parte da primeira turma da graduação do IMPA e completou um ano morando no Rio. “Valeu muito a pena, não me arrependo de nada. Estar no IMPA Tech é uma experiência muito boa, tanto profissional como pessoal. É a oportunidade da minha vida”, afirmou.
O incentivo familiar foi fundamental na trajetória da estudante, que se inspirou no irmão, mestrando em matemática pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Meus pais não fizeram faculdade, mas sempre me incentivaram e apoiaram meus estudos. Conheci a OBMEP a partir do meu irmão mais velho, que ganhou uma menção honrosa e deixou minha mãe orgulhosa. Lembro que ela pendurou o certificado na sala e pensei: ‘quando puder, vou fazer a prova’”, disse.
No 6º ano do Ensino Fundamental, Adriana participou da competição científica pela primeira vez e também ganhou uma menção. No ano seguinte, se dedicou ainda mais e o esforço foi recompensado. “Na minha segunda OBMEP, no 7º ano, estava passando por alguns problemas pessoais e encontrei um refúgio nos estudos para a olimpíada. Me dediquei e consegui medalha de ouro, o que me encantou, porque percebi que era legal.”
Graças à conquista, a aluna ganhou uma viagem para Salvador (BA), onde participou da Cerimônia Nacional de Premiação da OBMEP. “Foi a primeira vez que viajei de avião e a primeira vez que saí do Sul do país. A partir dali, virou uma chave na minha cabeça e percebi que estudar pode mudar o futuro, então, passei a estudar ainda mais para outras áreas da escola”, afirmou.
Ao longo do Ensino Médio, os projetos de extensão do IFSC Itajaí (Instituto Federal de Santa Catarina) e os encontros do PIC (Programa de Iniciação Científica Jr.) ajudaram Adriana a entender que realmente gostava de matemática e que poderia trilhar um futuro profissional na área das exatas. “Fui monitora de alunos de escolas públicas e fiz pesquisas sobre materiais manipulativos e sequências didáticas. Também continuei participando das olimpíadas de matemática e estava cada vez mais encantada com a disciplina. Nas aulas do PIC, tive uma visão completamente diferente sobre a área”, afirmou.
Agora, no Rio de Janeiro, a aluna aproveita a grade curricular interdisciplinar do IMPA Tech para se dedicar ainda mais aos estudos. “As aulas práticas me ajudam muito. Entrei aqui com uma certa dificuldade em algumas áreas, mas os monitores são muito bons. Eles têm uma experiência maior na área e trocam muitas dicas conosco. Estou aprendendo a gostar das áreas que tenho dificuldade, mas já sei que quero seguir a ênfase em Matemática.”
Para Adriana, a moradia estudantil, oferecida pela Prefeitura do Rio de Janeiro, também é um dos diferenciais da graduação. “É muito legal o ambiente de incentivo no qual vivemos. Aos poucos, você deixa de se sentir sozinha e divide o peso do processo com os colegas, o que torna tudo mais fácil”, afirmou.