Natural de Vila Pavão, oitava menor cidade do Espírito Santo, Júlia Fonseca conquistou sua terceira medalha da OBMEP na 19ª edição. O bom desempenho na Olimpíada garantiu a aprovação da estudante no processo seletivo 2025 do IMPA Tech, o bacharelado em Matemática da Tecnologia e Inovação. O resultado final dos aprovados foi divulgado nesta segunda-feira (3).
“As oportunidades em uma cidade pequena como a que eu resido, quando comparado a outras cidades maiores, são muito menores, por isso cada medalha minha foi celebrada com uma gratidão especial, pois não estava em uma situação de vantagem, mas nada disso me impediu de me dedicar à cada edição da olimpíada”, contou a jovem.
A história com a OBMEP começou quando Júlia estava no 6º ano do Ensino Fundamental. Desde então, a estudante já realizou seis edições da olimpíada e conquistou três medalhas e duas menções honrosas. A primeira experiência garantiu uma menção e a tão sonhada medalha — um bronze nacional — veio em 2021, no 9ª ano. Depois disso, Julia alcançou ainda uma prata, no 2º ano do Ensino Médio, acompanhada de um ouro regional; além, é claro, do bronze na 19ª OBMEP 2024. “Estava confiante em conquistar uma medalha, e a notícia de realmente ter conquistado a medalha que eu almejava me trouxe muita felicidade”, disse a medalhista.
Nesta edição, o estudo para a olimpíada veio acompanhado de muita dedicação e da tentativa de conciliar a escola, a OBMEP e os estudos para o vestibular. “Eu estudava em horário integral e além das sete horas de aula, por depender de transporte escolar, só tinha tempo de iniciar meus estudos e outras tarefas pessoais após às três horas da tarde. Depois de um tempo, consegui reorganizar a minha rotina e tirar um pouco do meu tempo pra estudar para a olimpíada.”
Além de estímulo para o avanço nos estudos de matemática, a OBMEP foi uma grande fonte de oportunidades para Júlia. “Eu sempre tive muito interesse em participar da olimpíada, o que me incentivava a aprofundar meus estudos na matemática. A OBMEP também me trouxe oportunidades incríveis”. A estudante realizou o PIC virtual em 2024 e, mesmo com a distância, pôde construir boas amizades e conta que “na verdade, isso foi algo que tornou a experiência ainda mais interessante”. A bolsa oferecida pelo programa também ajuda nos custos da jovem.
“Na minha realidade, posso afirmar que a OBMEP foi um dos principais motivos para manter a minha paixão pela matemática vindo de uma cidade do interior. Vila Pavão é uma das cidades com ótimo desempenho na OBMEP quando se é analisada a quantidade de moradores em relação a quantidade de premiações. Saber que eu estou entre esses premiados é muito gratificante pra mim, pois, talvez, com a minha experiência, possa incentivar outros alunos a se aproximarem da matemática, mesmo vindo de um município pequeno.”
A mãe de Júlia, Carla Fonseca, também destaca o papel da OBMEP na vida acadêmica da estudante. “Foi através da OBMEP que a Júlia adquiriu o amor pela matemática e percebeu que isso realmente poderia fazer parte da sua vida. A OBMEP foi totalmente necessária em sua vida, pois lhe abriu diversas portas, que só realmente foram abertas devido à sua grande dedicação aos estudos e força de vontade para correr atrás dos seus sonhos”, contou.
E agora a OBMEP ajudou a jovem conseguir uma vaga no IMPA Tech. A graduação do IMPA destina 80% das vagas para medalhistas de cinco olimpíadas do conhecimento.
“Pretendo fazer uma graduação na área de matemática. A matemática é uma área que possibilita diversas áreas de emprego, e apesar de ainda não ter tanta certeza de qual caminho seguir, a paixão pela matemática é certamente algo que pertence a mim”, afirmou Júlia.