'OBMEP foi meu primeiro contato com matemática', diz Fazoli

 

Multimedalhista da OBMEP defende tese de doutorado no IMPA nesta quinta (27)


“Meu primeiro contato com a matemática foi com a OBMEP”. A olimpíada foi o capítulo inicial da história de sucesso que o doutorando do IMPA Gabriel Fazoli está escrevendo com matemática. As sete medalhas de ouro conquistadas pelo jovem precederam outras realizações na área, como a defesa da tese de doutorado no IMPA nesta quinta-feira (27). O projeto “Jatos de conexões parciais planas” foi orientado pelo pesquisador e diretor-adjunto do IMPA, Jorge Vitório Pereira, e a defesa pode ser acompanhada pelo Youtube do IMPA. 

Natural de Urupês, no interior de São Paulo, Gabriel possui graduação em matemática pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (UNESP) – campus Ibilce, em São José do Rio Preto – e mestrado pelo IMPA. Na graduação, Gabriel ainda colhia os frutos da relação com a OBMEP como bolsista do Programa de Iniciação Científica e Mestrado (PICME). Essa foi só uma das oportunidades que o estudante da rede pública de ensino conta ter tido acesso pela olimpíada. A primeira e mais importante delas, a paixão pela matemática.

“Desde que conheci a OBMEP, quando comecei a fazer a olimpíada, tive um interesse maior, diferente pela matemática. Eu me envolvi em várias outras olimpíadas. Em algum momento ficou natural também querer fazer matemática como carreira, em algum momento dessa trajetória eu pensei ‘bom, quero fazer matemática, acho que é uma boa ideia’.”

Medalhista de ouro das setes edições em que participou, Gabriel foi também aluno do Programa de Iniciação Científica Jr. (Pic) por seis anos, participou do Encontro do Hotel de Hilbert e das cerimônias nacionais de premiação. De todas as oportunidades oferecidas pela olimpíada, o estudante ressalta a participação no PIC como um incentivo para seguir na carreira matemática. “O programa me permitiu ter um amadurecimento matemático um pouco mais cedo. Fui exposto a conceitos matemáticos bem antes do esperado, isso foi muito bom para mim”.




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O tema escolhido para a pesquisa de doutorado foi Folheações Holomorfas, interesse que surgiu ainda no mestrado. Basicamente, uma folheação é a decomposição de um espaço em um conjunto de subvariedades, chamadas folhas, que localmente são soluções de um sistema de equações diferencias. A área se concentra no estudo dessas folhas e de suas propriedades geométricas.

“Gostei desse conceito de folheação porque é uma área que está na interseção de outras áreas: Geometria Algébrica, Geometria Complexa, Topologia, Geometria Riemanniana, tudo isso dentro do conceito de folheações. Sempre me interessei por diferentes áreas da matemática, e em folheações tudo isso aparecia de maneira natural, em contextos diversos. Conseguimos aplicar os resultados de todas essas outras áreas em folheações.”

No doutorado, o jovem estudou conexões parciais, que é uma generalização do conceito de conexões de Geometria Riemanniana para a área de folheações. De modo geral, uma conexão parcial é uma maneira de definir derivação de objetos algébricos e geométricos, em direções tangentes às folhas. “Minha pesquisa se concentrou, basicamente, em estudar conexões parciais, jatos de conexões parciais e aplicar isso para alguns problemas clássicos na área de folheações holomorfas.” 

Para o futuro, Gabriel planeja o ingresso em um pós-doutorado em Bari, na Itália, junto do pesquisador Maurício Correia (Universidade de Bari). A expectativa é positiva, assim como aconteceu na sua decisão pelo IMPA em 2019. “O que me motivou a vir ao IMPA é que, como o IMPA é um polo internacional de matemática, em certo sentido, temos muito mais vivências com pesquisadores de várias áreas e lugares. É ótimo estar neste ambiente que fornece o contato com pesquisadores internacionais e a oportunidade de participar de muitos congressos”.