‘Gosto das equações e problemas complexos’, diz Henrique

 

Ipatinga (MG) tem medalhista de prata autista


Henrique Santandrea, de 17 anos, participou da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) duas vezes e foi premiado em ambas ocasiões, apesar dos percalços em seu caminho. O aluno, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), tinha 12 anos quando decidiu ir atrás de uma vitória na olimpíada. Sua primeira experiência foi na 13ª OBMEP, na qual recebeu uma menção honrosa. Já na 14ª edição, realizada em 2018, Henrique levou para casa a tão sonhada medalha de prata. Atualmente, aguarda com entusiasmo a divulgação de classificados para a segunda fase da competição, em 8 de outubro.

Natural de Ipatinga (MG), cidade de 250 mil habitantes, o medalhista conta que uma das suas disciplinas preferidas na escola é a matemática. “Sempre gostei, desde pequeno! O que eu mais gosto são as equações e problemas mais complexos, o que me instiga a tentar resolver. Também gosto muito de jogar no computador no meu tempo livre”, afirmou o medalhista, que atualmente cursa o 3º ano do Ensino Médio.

Sua mãe, Roselaine de Almeida Bessa Mineiro, lembra que o filho tinha facilidade com a disciplina quando era criança, mas sempre apresentou dificuldade de concentração na escola. “Ele tinha muita habilidade nas áreas de ciência, inglês e matemática. Chegamos a pensar que ele era superdotado, mas não é o caso, uma vez que a facilidade é para áreas específicas. Desconfiamos que ele tinha alguma condição e, aos 9 anos, foi diagnosticado  com autismo moderado”, comentou.

O caminho até a medalha

Com o diagnóstico, a família decidiu buscar uma professora de apoio, para proporcionar o ensino adaptado às necessidades de Henrique. Em 2016, a professora Elaine Aparecida Dias passou a acompanhá-lo em seu percurso escolar. “A gente tem um vínculo muito especial. Passei a admirar a inteligência do Henrique! Quando a gente estudava algum conteúdo, ele lembrava de tudo que a professora tinha ensinado em sala. Era claro que ele tinha dificuldade de foco, mas nunca falta de conhecimento. Ele só precisa do estímulo para iniciar e terminar as tarefas”, afirmou a professora.




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Para Henrique, o apoio foi sinônimo de mais conquistas. Com a direção certa, ele conseguiu atingir seu verdadeiro potencial e, em 2018, realizou a prova com o apoio de Elaine. “Depois da primeira OBMEP que ele participou, descobri que ele poderia fazer a prova com uma professora de apoio. Então, na segunda vez, ele conseguiu a medalha de prata! Foi muito legal, porque fizeram homenagem para os medalhistas na Secretaria Regional de Educação”, disse a mãe Roselaine, orgulhosa do filho.

Para a professora de apoio, uma pessoa autista consegue chegar mais longe quando tem ao seu lado o profissional correto. Elaine ainda apontou a premiação da OBMEP como um grande estímulo para o jovem. “Falei para ele: você está entre os melhores do país! Não é só da escola, mas do Brasil. Ele ria, com o jeito tímido dele, mas dava para perceber uma felicidade imensa. É muito gratificante saber que uma criança que já foi julgada pelas pessoas, hoje, está se reconhecendo como capaz e confiante! Isso criou nele o desejo de conquistar mais coisas”, afirmou a professora.

Um futuro de novas conquistas

A premiação motivou o aluno a participar mais uma vez da competição. Neste ano, Henrique fez a primeira fase da 17ª OBMEP e atualmente está aguardando a divulgação da lista dos alunos classificados para a segunda fase, que será publicada em 2 de agosto. Elaine comentou que está animada com a possibilidade do aluno conquistar mais uma medalha. “Ele tem muita facilidade para matemática. A gente vê até a mudança na postura dele! Ele só precisa ser acompanhado para executar a prova toda, porque sozinho não têm essa iniciativa, mas vejo aptidão e um raciocínio rápido”, disse a professora. 

Henrique, por sua vez, afirmou que os estudos estão a todo vapor. “Pelo fato de ter um grande interesse pela matemática, fica fácil manter o foco! Gosto de treinar assistindo às aulas. Também ajuda o fato de eu ter contato direto com a minha professora de apoio. Posso questioná-la sempre que surge alguma dúvida”, concluiu Henrique.